terça-feira, 26 de junho de 2007

O mito de Sísifo


Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança.
A acreditar em Homero, Sísifo era o mais ajuizado e o mais prudente dos mortais. No entanto, segundo outra tradição, tinha tendências para a profissão de bandido. Não vejo nisto a menor contradição. As opiniões diferem sobre os motivos que lhe valeram ser o trabalhador inútil dos infernos. Censura-se-lhe, de início, certa leviandade para com os deuses. Revelou os segredos deles. Egina, filha de Asopo, foi raptada por Júpiter. O pai espantou-se com este desaparecimento e queixou-se dele a Sísifo. Este, que estava ao corrente do rapto, propôs a Asopo contar-lhe o que sabia, com a condição de ele dar água à cidadela de Corinto. Aos raios celestes, preferiu a bênção da água. Por tal foi castigado aos infernos. Homero conta-nos também que Sísifo havia acorrentado a Morte. Plutão não pôde suportar o espectáculo do seu império deserto e silencioso. Enviou o deus da guerra, que soltou a Morte das mão do seu vencedor.
Diz-se ainda que, estando Sísifo quase a morrer, quis imprudentemente, pôr à prova o amor de sua mulher. Ordenou-lhe que lançasse o seu corpo, sem sepultura, para o meio da praça pública. Sísifo encontrou-se nos infernos. E aí irritado com uma obediência tão contrária ao amor humano, obteve de plutão licença para voltar à terra e castigar a mulher. Mas, quando viu de novo o rosto deste mundo, sentiu inebriadamente a água e o sol, as pedras quentes e o mar, não quis regressar à sombra infernal. Os chamamentos, as cóleras e os avisos de nada serviram. Ainda viveu muitos anos diante da curva do golfo, do mar resplandecente e dos sorrisos da terra. Foi necessário uma ordem dos deuses. Mercúrio veio pegar no audacioso pela gola e, roubando-o às alegrias, levou-o à força para os infernos, onde o seu rochedo já estava pronto.
Já todos compreenderam que Sísifo é o herói absurdo. É-o tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento. O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível em que o seu ser se emprega em nada terminar. É o preço que é necessário pagar pelas paixões desta terra. Não nos dizem nada sobre Sisífo nos infernos. Os mitos são feitos para que a imaginação os anime. Neste, vê-se simplesmente todo o esforço de um corpo tenso, que se esforça por erguer a enorme pedra, rolá-la e ajudá-la a levar a cabo uma subida cem vezes recomeçada; vê-se o rosto crispado, a face colada à pedra, o socorro de um ombro que recebe o choque dessa massa coberta de barro, de um pé que a escora, os braços que de novo a empurram, a segurança bem humana de duas mãos cheias de terra. No termo desse longo esforço, medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade, a finalidade está atingida. Sisífo vê então a pedra resvalar em poucos instantes para esse mundo inferior de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície.
É durante este regresso, esta pausa, que Sísifo me interessa. Um rosto que sofre tão perto das pedras já é, ele próprio, pedra! Vejo esse homem descer outra vez, com um andar pesado mas igual, para o tormento cujo o fim nunca conhecerá. Essa hora que é como uma respiração e que regressa com tanta certeza como a sua desgraça, essa hora é a da consciência. Em cada um desses instantes em que ele abandona os cumes e se enterra a pouco e pouco nos covis dos deuses, Sísifo é superior ao seu destino. É mais forte do que o seu rochedo.
Se este mito é trágico, é porque o seu herói é consciente. Onde estaria, com efeito, a sua tortura se a cada passo a esperança de conseguir o ajudasse? O operário de hoje trabalha todos os dias da sua vida nas mesmas tarefas, e esse destino não é menos absurdo. Mas só é trágico nos raros momentos em que ele se torna consciente. Sísifo, proletário dos deuses, impotente e revoltado, conhece toda a extensão da sua miserável condição: é nela que ele pensa durante a sua descida. A clarividência que devia fazer o seu tormento consome ao mesmo tempo a sua vitória. Não há destino que não se transcenda pelo desprezo.
Se a descida se faz assim, em certos dias, na dor, pode também fazer-se na alegria. Esta palavra não é de mais. Ainda imagino Sísifo voltando para o seu rochedo, e a dor estava no começo. Quando as imagens da terra se apegam de mais à lembrança, quando o chamamento da felicidade se torna demasiado premente, acontece que a tristeza se ergue no coração do homem: é a vitória do rochedo, é o próprio rochedo. O imenso infortúnio é pesado de mais para se poder carregar. são as nossas noites de Gethsemani. Mas as verdades esmagadoras morrem quando são reconhecidas. Assim, Édipo obedece de início ao destino, sem o saber. A partir do momento em que sabe, a sua tragédia começa. Mas no instante, cego e desesperado, ele reconhece que o único elo que o prende ao mundo é a mão fresca de uma jovem. Uma frase desmedida ressoa então:«Apesar de tantas provações, a minha idade avançada e a grandeza da minha alma fazem-me achar que tudo está bem.» O Édipo de Sófocles, como o Kirilov de Dostoievsky, dá assim a fórmula da vitória absurda. A sabedoria antiga identifica-se com o heroísmo moderno.
Não descobrimos o absurdo sem nos sentirmos tentados a escrever um manual qualquer da felicidade. «O quê, por caminhos tão estreitos?...» Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absoluta. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. «Acho que tudo está bem», diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa mo universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe. O seu rochedo é a sua coisa. Da mesma maneira, quando o homem absurdo contempla o seu tormento, faz calar todos os ídolos. No universo subitamente entregue ao seu silêncio, erguem-se mil vozinhas maravilhadas da terra. Chamamentos inconscientes e secretos, convites de todos os rostos, são o reverso necessário e o preço da vitória. Não há sol sem sombra e é preciso conhecer a noite. O homem absurdo diz sim e o seu esforço nunca mais cessará. Se há um destino pessoal, não há destino superior ou, pelo menos, só há um que ele julga fatal e desprezível. Quanto ao resto, ele sabe-se senhor dos seus dias. Nesse instante subtil em que o homem se volta para a sua vida, Sísifo, regressando ao seu rochedo, contempla essa sequência de acções sem elo que se torna o seu destino, criado por ele, unido sob o olhar da memória, e selado em breve pela sua morte. Assim, pressuadido da origem bem humana de tudo o que é humano, cego que deseja ver e que sabe que a noite não tem fim, está sempre em marcha. O rochedo ainda rola.
Deixo Sísifo no sopé da montanha! Encontramos sempre o nosso fardo. Mas Sísifo ensina a felicidade superior que nega os deuses e levanta os rochedos. Ele também julga que está tudo bem. Esse universo enfim sem dono não lhe parece estéril nem fútil. Cada grão dessa pedra, cada estilhaço mineral dessa montanha cheia de noite, forma por si só um mundo. A própria luta para atingir os píncaros basta para encher um coração de homem. É preciso imaginar o Sísifo feliz.



Albert Camus
O Mito de Sísifo

Direcção do IPP vs liberdade de expressão


O Instituto Politécnico do Porto (IPP) denunciou o protocolo de cooperação entre esta instituição, o Núcleo de Jornalismo Académico do Porto (NJAP) e a Universidade do Porto (U. Porto), assinado em 2003. Assim, o JUP não publicará, a partir desta edição, a página institucional do IPP. Os leitores do JUP merecem, no entanto, explicações sobre o caminho percorrido até à referida denúncia.
Em Maio de 2003, o IPP, a U. Porto e o NJAP, assinaram um protocolo de cooperação que previa a publicação, no JUP, de duas páginas da responsabilidade da U. Porto e uma do IPP, tendo o JUP uma contrapartida financeira. Os conteúdos e a própria paginação destas páginas seriam da exclusiva responsabilidade destas instituições. O JUP sempre cumpriu a sua parte do protocolo, tendo publicado desde então as páginas enviadas por estas instituições.

O início do problema
Uma nova direcção do IPP tomou posse em Outubro de 2006 e o JUP, como não poderia deixar de ser, solicitou uma entrevista ao novo presidente, Vítor Santos. A intenção do JUP era a de fazer desta entrevista a capa de Novembro desse ano. Nessa altura o pedido foi recusado por indisponibilidade do presidente.
No mês seguinte o JUP solicitou novamente entrevista e foi marcada uma data. Uma colaboradora do jornal e o seu editor fotográfico deslocaram-se às instalações do IPP para proceder à entrevista e fotografá-la.

Uma reunião não agendada
Ao chegar ao IPP, os nossos colaboradores foram surpreendidos pela transformação da esperada entrevista em reunião, na qual foi posto em causa o protocolo e feitas acusações de que o JUP não publicava conteúdos sobre o IPP. O JUP sempre procurou conteúdos sobre o IPP e uma das provas disso era a intenção de publicar uma entrevista com o seu presidente. Mais uma vez, o JUP ficou sem tema de capa para Dezembro e teve de conceber uma reportagem em cerca de dois dias para substituir a entrevista que Vítor Santos acabou por não conceder.
A direcção do NJAP, ao tomar conhecimento do sucedido, não deixou de demonstrar o seu desagrado pela situação, numa carta que escreveu a Vítor Santos. Nessa carta lembraram ao presidente do IPP que, quando recebeu as pessoas que o iam entrevistar, não se havia definido nenhuma reunião para falar sobre o protocolo firmado entre a associação, o IPP e a U. Porto. De facto, essas pessoas não pertenciam à direcção da associação proprietária do JUP, que se constitui como uma das três entidades protocolares. Por isso não estavam mandatadas ou legitimadas para representar a associação nos assuntos abordados por Vítor Santos. Muito menos estariam preparadas ou contextualizadas, como seria de desejar. Foi ainda referido que o protocolo era trilateral e que surgiu de uma negociação bastante aturada de todas as partes que se prolongou por mais de um ano. O NJAP manifestou, solicitou, ainda, uma reunião com a direcção do IPP.

Referências caluniosas
O IPP agendou uma reunião para dia 19 de Dezembro de 2006, à qual compareceu a presidente do NJAP mas, da parte do IPP compareceu Pedro Esteves, um assessor do presidente do IPP e ex-presidente da Federação Académica do Porto (FAP). Foi explicado a Pedro Esteves o que era o JUP, a face mais visível do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto, uma associação juvenil, fundada em 1987, que sempre incluiu o IPP. Vários estudantes de diferentes escolas do IPP são associados do NJAP e participam activamente nas suas diferentes actividades, detendo, inclusivamente, cargos nos órgãos sociais da associação, o que contraria a ideia expressa por Pedro Esteves e pela direcção do IPP, de que os estudantes desta instituição não se revêem no JUP. Ainda antes da assinatura do protocolo, estudantes do IPP ocuparam os mais altos cargos da associação. Foram ainda referidos os muitos exemplos de reportagens publicadas no JUP sobre o IPP e as suas actividades.
Nessa reunião, Pedro Esteves, tal como tinha acontecido na reunião anterior aquando da pretensa entrevista, quando perguntou ao editor fotográfico do JUP qual era o seu partido (pondo em causa os princípios da não discriminação ideológica e da imparcialidade pelos quais legalmente se devem reger as instituições públicas), tentou comprometer o JUP e o NJAP a uma corrente partidário-ideológica, ao referir que o tema de capa do JUP de Fevereiro seria sobre o aborto. A presidente do NJAP referiu que já na edição de Dezembro era publicada uma reportagem sobre o tema ao que Pedro Esteves respondeu “a favor [do aborto]”. Esse comentário demonstrou total desconhecimento sobre o JUP, uma vez que a reportagem publicada apresentava vários argumentos e declarações contra e a favor do aborto.
A presidente do NJAP estranhou o facto de Pedro Esteves não tomar qualquer apontamento do que lhe era dito, principalmente por ser uma reunião de esclarecimento das actividades da associação e do envolvimento dos seus associados, muitos deles estudantes do IPP, que posteriormente deveriam ser comunicados ao presidente do IPP.

Uma decisão irreversível
Tendo a direcção do NJAP manifestado disponibilidade para renegociar o protocolo, foi agendada uma outra reunião com a direcção do NJAP e a direcção do IPP em Janeiro deste ano. No entanto, a intenção do IPP nunca foi negociar o protocolo. O JUP foi mais uma vez acusado de não publicar artigos sobre o IPP e de não incluir os estudantes desta instituição. Para espanto da direcção do NJAP foi revelado por Pedro Esteves, em tom de satisfação e como exemplo de não inclusão, que no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), os jornais eram escondidos na Associação de Estudantes, o que, para além de demonstrar um claro abuso de confiança, constitui a todos os níveis um grave atentado à liberdade de expressão. De facto, aquando de uma distribuição do JUP no ISEP, não estando presente a funcionária da AEISEP, os colaboradores do NJAP começaram a distribuir o jornal. Quando a funcionária chegou e se apercebeu da distribuição começou a recolher os jornais e disse que o presidente da AEISEP não permitia a distribuição do JUP sem antes o ler. São, assim, paradoxais as afirmações de Pedro Esteves na reunião de 19 de Dezembro, de que não tinha nada contra o JUP e, o facto de, na reunião que seria entrevista, ter revelado descontentamento por não haver banca do JUP no ISEP (a que havia tinha sido furtada).
A própria designação JUP foi posta em causa, pela direcção do IPP, por serem as iniciais de Jornal Universitário do Porto, “o que a instituição não pode aceitar por não ser universidade mas politécnico”. No entanto, como foi explicado pela direcção do NJAP, JUP é apenas uma marca, a designação do jornal aparece por extenso na capa e é de “Jornal da Academia do Porto”. Ainda assim, a direcção do NJAP propôs a alteração do nome do jornal para Jornal Universitário e Politécnico (JUP), proposta que não mereceu qualquer resposta por parte do IPP.
Em todas as reuniões foi demonstrado um grande antagonismo a tudo o que envolvia a U. Porto. A direcção do IPP tentou condicionar os termos do protocolo, sem nunca envolver a U. Porto, mesmo depois de relembrada de que se tratava de um protocolo trilateral, chegando Pedro Esteves a afirmar que “o dinheiro não era problema”. Igualmente grave foi a tentativa de condicionar a agenda do JUP.
Um episódio revelador de má vontade foi quando no último dia da paginação do JUP de Fevereiro se pediu a Pedro Esteves que enviasse a página já há muito solicitada para publicar nessa edição. A sua resposta foi que não tinham nenhuma página, “publiquem a página em branco!”. Mediante esta situação pediu-se posteriormente para enviarem um fax onde expressassem essa intenção. Isto bastou para que pouco depois Pedro Esteves telefonasse para o JUP, a dizer que a página seguia nessa noite e a pedir para o JUP compreender a situação pois “a Direcção ainda não tinha muito tempo”.

Um golpe de teatro
A direcção do NJAP estranhou as acusações de que foi alvo e os argumentos revelados nas reuniões para o IPP a denunciar o protocolo de cooperação. Na carta de denúncia o IPP refere que esta se deve à criação de um projecto na mesma área.
Pedro Esteves foi, enquanto estudante do ISEP, presidente da FAP que, tal como o NJAP, não discrimina os estudantes pela sua instituição de origem na Academia do Porto. Como presidente da FAP, Pedro Esteves concedeu várias entrevistas ao director do JUP e, inclusivamente, chegou a convidar o JUP para mediar um plenário de estudantes. A justificação de tal convite prendeu-se com o argumento de que o JUP era uma instituição imparcial. O convite foi retirado quando, por essa altura, o director do JUP foi demitido pela direcção do NJAP por tomar sozinho decisões estruturais sobre a logística do jornal, e por não envolver os associados na sua produção, o que significaria a extinção do jornal a curto prazo. De repente parecia que o JUP deixava de ser uma instituição imparcial...
Agora e como sempre, todos os estudantes da Academia do Porto, independentemente da sua ideologia e proveniência, são bem-vindos ao NJAP, tendo a sua participação de pleno direito assegurada, tal como definem os seus estatutos.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

JUP de Junho já está nas faculdades

Editorial
Porto de Olfactos

A cidade que vê sair o estudante finalista é a cidade que sente passar os anos por cursos que somam tempo e é a cidade - a mesma - que recebe conjuntos incrivéis de gente mais e menos sequiosa do saber imenso.
Contudo, ela - esta mesma cidade, que é a nossa - teima em não se caracterizar. Teima em não deixar que seja fácil ser única: desconsidera as pessoas, o centro histórico e um vasto e rico comércio tradicional.
Faltam as pessoas a preencher, mais do que cada um das ruas, os prédios. Falta o comércio a definir-se e a assumir-se em contornos específicos. Falta encontrar a cidade, valorizando-a, em tudo o que a faz somar pontos.
Nesta edição, o JUP saiu à rua para falar dos cheiros que todos os olfactos sentem, que todos os cérebros descodificam, e a que memórias transversais de gerações reagem. Pegámos na caneta para escrever sete dos pontos que enchem a Baixa de alma, ao mesmo tempo que tirámos do bolso a máquina fotográfica para fixar no tempo o que todos já conhecemos. Não nos tirou mais do que duas pessoas, não levou mais que uma tarde, para que vocês - actuais, finalistas ou iniciantes nestes estudos do superior - se pudessem encontrar com a cidade que vos recebe.
É assim que ela - a cidade com nome de menino - se assume. O menino é grande, maduro e enraizado em contornos tão rústicos quanto estes. Chama-se Porto e desenha-se em traços de uma "fineza" singular.
Com um carácter tão vincado em ruas e cheiros, até não deve ser assim tão difícil fazer com que o Porto se encontre e afirme. Se calhar, é mesmo só querer.